Vinha realmente cansado. A tal ponto, que quase nem podia andar. Sentia-me preocupado, inquieto e muito desamparado. Durante toda a viagem, fora um combatente forte e valoroso,lutara incansavelmente pela justiça e pela paz, fora capaz de enfrentar, sem medo, as trevas do mundo. Mas agora, mais parecia uma criança pequena que, a chorar, gatinha até o regaço da mãe.
Logo que as multidões, que me louvavam ou criticavam, se foram embora, fiquei acabrunhado pela solidão e facilmente me teria deixado vencer pelas vozes sedutoras que me prometiam descanso físico e emocional. Estava neste estado quando me encontrei , pela primeira vez, com O Regresso do Filho Pródigo de Rembrandt, pendurado na porta do escritório de Simone,
Ao vê-lo, o meu coração deu um baque. Depois de tão longa viagem, aquele terno abraço entre pai e filho exprimia tudo quanto desejava naquele momento. De fato, eu era o filho esgotado pelas longas viagens: queria que me abraçassem; procurava um lar onde me sentisse a salvo.
Era apenas o filho que regressa a casa; e não queria ser outra coisa. Durante muito tempo, tinha andado de um lado para o outro; lutando, suplicando, acoselhando e consolando. Agora só queria descansar num lugar que pudesse considerar meu, um lugar onde me sentisse em casa própria (...).
Ao ver a maneira tão terna como o Pai colocava as mãos nos ombros do seu jovem filho e o apertava ao coração, senti muito profundamente que aquele filho perdido era eu e que queria regressar, como ele, para ser abraçado como ele. Durante muito tempo pensei em mim mesmo como o filho pródigo que volta para casa, antecipando o momento de ser recebido pelo meu pai.
Extraído do Magnífico livro "O Regresso do Filho Pródigo: Meditação Perante Um Quandro de Rembrandt - Editorial A.O.Braga
Henri J.M.Nouwen, nasceu na Holanda, foi professor nas Universidades de Notre Dame, Yale e na conceituada Universidade de Harvard. Nouwen, abandonou sua brilhante carreira acadêmica para se dedicar no ministério junto aos deficientes. Escreveu mais de trinta livros e faleceu no ano de 1996 no Canadá.
Pastores Sem Fronteiras
" Nas coisas essenciais, Unidade;
Nas Coisas não essenciais, Liberdade;
Em todas as Coisas, Amor".
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